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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Vive la république!



Segundo pesquisa publicada na Folha de São Paulo, apenas 37% dos ingleses demonstraram interesse pelo casamento de suas altezas, a despeito da cobertura da tv brasileira dizer que todo o mundo estava maravilhado. Independentemente de alguns momentos de beleza, achei este casório todo um carnaval. Deixo aqui o meu protesto com esta imagem clássica da república: "La revolution française", de Eugène Delacroix (1798-1863). Vive la république!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Filmes parisienses (2)






Mon Oncle
(1958)

Este filme é puro cinema. O humor na era da ingenuidade, mas em pleno auge da Guerra Fria. A crítica bem-humorada numa era pré-maio de 1968. O humano versus o tecnologico. Os valores permanentes versus os efêmeros. Quem já foi criança vai gostar. Jacques Tati dirige e protagoniza como o chapliniano Monsieur Hurlot, o desempregado tio de um garoto que habita uma casa cheia de recursos e permanentemente ensolarada (a Vila Arpel), em um subúrbio de Paris. Esta obra prima influenciou diversos filmes e desenhos. Se você viu Eduardo Mãos de Tesoura, Amélie Poulain e O Ilusionista vai perceber as referências. Sem legendas, as falas são compreensíveis pela linguagem corporal.

História de Paris (3)

Igreja de Saint-Germain-des-Près. (6ème arr.)


A Paris do início da Idade Média encheu-se de abadias e igrejas. No ano de 543 o filho de Clóvis (481-511), Childeberto (511-558) fundou a basílica que deu origem à igreja de Saint-Germain-des-Près (foto) (http://www.eglise-sgp.org/) em que passaram a serem conservadas as relíquias reais. No local onde se situa Notre-Dame foi construída a catedral de Saint-Étienne (catedral é o edifício sede de bispados, portanto há apenas uma por cada diocese), que foi arrasada pela invasão normanda.

A Paris do século VII passou a ser um importante porto fluvial, e judeus e sírios se instalaram na cidade. Mas após a morte de Childeberto, Paris foi disputada entre o seus filhos e um tratado estabeleceu que ela não poderia mais ser a residência do rei. No século VIII o centro político do Reino franco deslocou-se mais ao norte (Austrásia), e Paris tornou-se uma localidade de menor importância.



O Conde Eudes defende Paris dos normandos (885)

Em 885 quarenta mil normandos (vikings) cercaram a Île de la Cité, quarenta anos após iniciarem as invasões ao norte do Sena. Paris resistiu por dois anos, e da família que comandou a defesa da fortaleza se originou a dinastia dos Capetíngios (a partir de 987). Mas a cidade de Paris era virtualmente um domínio do bispo de Paris, e somente no início do século XI a monarquia voltou a ter um palácio real às margens do Sena.


Maquete do Palais de la Cité (século XI)

terça-feira, 5 de abril de 2011

História de Paris (2)



Paris (Lutécia) foi atacada pelos germanos pela primeira vez em 275, por parte dos alamanos. A cidade se encolheu para a Île de la Cité (onde fica Notre Dame) e tornou-se fortificada. Assim descreve a cidade o general Juliano, por volta de 360:

"Aconteceu que, naquele ano, eu me acantonei com as tropas para esperar a passagem do inverno em minha querida Lutécia: esse é o nome com que os celtas designam a fortaleza dos parisienses. Trata-se de uma pequena ilha de pequena extensão localizada no meio do rio, que é cercada por uma muralha de todos os lados e alcançada por duas pontes de madeira que vão até as duas margens. (...) O inverno não é rude, e a temperatura é amena o bastante para que cresçam nas redondezas vinhedos de boa qualidade." (IN: COMBEAU, Yvam. Paris: uma história. Porto Alegre: L&PM, 2009. P.16-7)



O cristianismo na cidade foi introduzido por conta desta época. Cercada de lendas, atribui-se a São Denis (Dionísio) esta responsabilidade, pelo que veio a ser executado na atual região de Montmartre (Monte dos mártires) e mesmo decapitado teria caminhado portando na mão a própria cabeça e veio a falecer lá na atual abadia de Saint-Denis (uns vinte minutos de táxi se você quiser repetir o trajeto do santo).

No ano de 406 para azar dos parisienses o rio Sena congelou e foi uma festa: visigodos, alamanos, francos e borgúndios saquearam os pobres gauleses. Em 451 foi a vez do Flagelo de Deus, Átila, o huno. Dez anos depois e os francos cercaram e saquearam a cidadela. Nestes tempos destacou-se a figura de Santa Genoveva que incitou os parisienses a defenderem a cidade tanto contra hunos como contra francos, e atribui-se à sua figura o abastecimento da cidade com provisões das regiões de Brie e Champagne (bem simbólico, isto). O primeiro rei franco, Clóvis, foi esperto o bastante para fazer um acordo com a dona, converter a si e a seus guerreiros ao catolicismo e entrar pacificamente em Paris, que passou a capital do seu reino em 496.



Esta estória da Santa Genoveva me parece tão verdadeira quanto a de Joana D'Arc....


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Gavage

O foie gras é um dos produtos mais tradicionais da culinária francesa. Basicamente é um patê de fígado de pato ou ganso. Os animais são artificialmente engordados por meio de tubos inseridos via oral até o estômago. Por conta deste processo conhecido como "gavage" eles morrem de dez a vinte vezes mais rápido. Penso que, se a quase totalidade da humanidade não consegue - ou não quer, sejamos francos -, viver sem carne nas refeições, podia pelo menos evitar de ingerir produtos de origem cruel. É proibido em apenas doze países.