Páginas

sábado, 15 de setembro de 2012

Voo BA 249 Londres-Rio (2) ou eduquem os seus filhos!





Estas fotos são da costa noroeste da Espanha, com cerca de uma hora e meia de voo. A partir daí, eu tenho apenas uma coisa a relatar: a mãe desatenta e seus dois filhotes. 
 


Atrás de nossa fila, estavam sentados uma mãe de cerca de quarenta anos, e seus dois filhos garotos, um de uns doze e outro de dez, imagino. Dá para prever que dois pré-adolescentes não consigam ficar sentados ou quietos ao longo de um voo de quase onze horas. A senhora ficou atrás do outro passageiro, mas os meninos nas nossas costas. Ao longo do voo sentíamos as pancadinhas dos moleques nas nossas poltronas, mas amortecidas. Matilde começou a se incomodar com aquilo e eu sabia que ela somente reclamaria em caso extremo. A mãe dos meninos colocou o fone de ouvidos e olhava estaticamente sempre para a frente, com a boca semiaberta. Eu olhei para ela e para os garotos algumas vezes e a identifiquei como a típica mãe (ou pai, tanto faz, é o tipo que irrita) que não toma qualquer providência quanto à conduta dos rebentos. Eu penso: é só colocar no mundo, pagar as contas, dar brinquedos e acabou?!


 

Sobrevoando o oceano, no meio da tarde, a aeromoça indiana (ou paquistanesa) começou a fechar as janelas (falta-me a palavra correta), pois era evidente que muitos queriam sossego e tratar de dormir. Os meninos ficavam brincando de abrir e fechá-las, a aeromoça foi até eles e bruscamente fechou a janela e com voz firme avisou, em inglês, que as mesmas deveriam permanecer fechadas. Eu estranhei a rispidez dela, nada de super nanny, mas bem que eu gostei, pois foi algo visível, ficou claro a incúria materna sobre os seus filhos. A mãe meio que acordou de sua leniência e disse num tom meigo e meramente protocolar aos seus filhos para que deixassem a janela fechada. Ui, eles devem ter sentido uma meda danada de tanta autoridade. Dito isto, ela voltou à sua ataraxia.



Não podendo mais externar a sua agitação com a janela, um deles escolheu outro alvo: a minha poltrona, e passei novamente a sentir pancadinhas nas minhas costas. Nestas horas você pensa em várias coisas, inclusive, quem sabe, que a pobre mãe podia estar extenuada de tentar educar os seus filhos sem o amparo paterno, e outras ficções pedagógicas de literatura de segunda. Eu ainda não havia cochilado nada.



Pouco depois que tirei estas fotos, cheguei à conclusão que de lá até o Rio, com quase três de horas de viagem, não havia mais nada para ver ou fotografar, e eu não podia simplesmente ficar indo e vindo até a cozinha, já expliquei a razão. Tentei pegar no sono, e naquele estado de semiconsciência senti uma pancada forte nas minhas costas e  meu coração deu uma disparada. Achei que chegara o meu limite. Olhei para a trás e disse: -Senhora!, e nada. Novamente, e nada. Passei a mão em frente ao campo visual da pam... da pessoa concentrada em seus próprios problemas. Ela retirou o fone de ouvido, e pude dizer, muuuuito amavelmente: - O seu filho está chutando a poltrona. E ela: - Nããããão, ele só quer guardar o brinquedinho. Era para eu ficar muito bravo com esta, mas mantive o meu humor e falei: - Não é não, está assim desde Londres! Ela disse para o filho, no mesmo tom protocolar babâo: - Fica quietinho, filho. Já está chegando.



Pais, façam um favor a todos: eduquem seus filhos!
 


Estas fotos são do por-do-sol, entrando no espaço aéreo brasileiro, na altura de Fortaleza, por volta das dezoito horas.