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segunda-feira, 1 de agosto de 2016

A questão do idioma: como me viro na Alemanha?


Há relatos de pessoas que afirmam terem visitado dezenas de países (inclusive asiáticos e africanos) sem falar uma única palavra de inglês e terem sucesso na empreitada. Eu posso acreditar já que há milhões de imigrantes ao longo da História que mudaram para outros países e jamais aprenderam o idioma local.

Mas a minha vivência em seis viagens e quase três meses na Europa me levam a ser bem consciencioso na questão dos idiomas. Eu afirmo sem querer fazer terror que se a pessoa somente se comunica e lê em português brasileiro ela encontrará alguma dificuldade até mesmo em Portugal. Catalães compreendem portunhol, mas o povo de Castela e Leão com certeza não. Assim em Madri pode ser que você passe aperto se não falar nada de espanhol ou inglês. 

Vamos estabelecer o nível de domínio de um idioma nos seguintes patamares: insipiente, iniciante, intermediário, avançado e fluente.

Eu estudei uns dez idiomas, não sou fluente em nenhum além de minha língua natal. Mas eu diria que me considero "avançado" em inglês, francês, espanhol e catalão. O meu alemão é "intermediário". Fica aqui o que observei:

a) em Berlim eu suponho que entre dois terços e oitenta por cento da população fale um inglês muito bom. Ou se fala bem ou não se fala nada. Quem não costuma falar nada? Idosos, caixas de supermercados (quase todos) e motoristas de táxi, ônibus, etc. (aqui eu diria que é meio a meio). Turcos, chineses, asiáticos em geral falam pouquíssimo inglês. Jovens e comerciários de shopping quase sempre falam bem. Para espanto meu a jovem funcionária do setor de informações da Deutsche Bahn da estação Frankfurter Allee não falava inglês.

b) Diferentemente do parisiense idoso, o berlinense que não fala inglês sente vergonha por não ter estudado esta língua, ninguém assume uma postura tipo: "eu me orgulho de combater o imperialismo, me recuso a falar o idioma dos ianques".

c) Nas cidades do interior quase ninguém fala inglês ou fala muito mal, parece com o Brasil

d) As empresas de telefonia celular não tem menu, manuais, página web, nada em inglês, uma vergonha.

e) Vale a pena estudar alemão apenas para passar algumas semanas na Alemanha? Olhe, isto depende do seu prazer em aprender idiomas. Eu gosto. Estudei alemão pelos Cursos de Idiomas Globo em 1990. Depois no Live Mocha há uns cinco anos atrás. Este ano estudei três meses diariamente pelo Duolingo e adquiri o manual bem prático na foto abaixo. Se as pessoas não falassem tão rápido eu entenderia razoavelmente bem as informações essenciais. Mas quando eu não entendia - os alemães quase sempre se dirigiram a mim em alemão como se eu fosse nativo - eu lascava: "Ich weiss nicht Deutsch verstehen. Sprechen Sie Englisch?", eles ficavam meio que espantados e quem sabia inglês mudava o idioma numa boa.



f) Se você fala que não compreende alemão não adianta nada se eles não falam inglês, eles continuam falando em alemão como se você tivesse dito que entendeu perfeitamente bem

g) Vi menus em português-PT uma única vez em quiosques de autoatendimento e em wifis de shopping duas ou três vezes.

h) Não conte com o inglês para tudo. Aprenda pelo menos as palavras mais funcionais do alemão. Vai te poupar tempo, dinheiro e sustos.